Costumava ser uma arquiteta, inconformada com a ideia de que a minha vida seria, em grande parte, marcada por ser uma arquiteta o resto da vida.
Eu não queria ser arquiteta.
Queria ser uma aventureira, uma exploradora, uma espécie de Xena, a princesa guerreira dos tempos modernos.
Como eu iria tornar isso possível, não fazia ideia. Mas com um misto infernal de frustração reprimida, inconformismo, um sol em peixes que me atira para o grupo dos sonhadores e um otimismo inabalável. Em 2012 comprei um voo só de ida para o Rio de Janeiro, Brasil (o meu sonho de infância).
UM PONTO DE VIRAGEM
Não existe nada mais grandioso na vida do que realizar um sonho de criança. Acredito que eles existem, para que quando em adultos, demasiado descrentes da vida, os realizemos e voltemos a conectar-nos com a nossa verdade, com o nosso caminho.
Eu ainda não o sabia, mas em 2012 não estava apenas a comprar um voo só de ida para o Rio. Estava a comprar um voo só de ida para a vida que sempre sonhei.
Existem dois pontos fulcrais quando realizamos um sonho:
- Começamos a acreditar que sonhos, podem sim, se realizar por mais distantes e impossíveis que eles pareçam;
- Inevitavelmente, um tempo depois de o realizarmos, sentimos um vazio. Aprendi, que esse vazio é o espaço que se abre para novos sonhos nascerem;
E foi assim, que me tornei viciada em realizar sonhos.
Muito por conta dessa minha sede insaciável por aventura e conhecimento, comecei a ter total incapacidade de dizer não a qualquer hipótese de conhecer um lugar novo, a qualquer experiência que me levasse ao limite.
Aproximadamente oito anos depois, sigo de mochila ás costas, a viver o sonho maior que me tem trazido tantos outros sonhos: a estrada.
Acredito que viajar é a forma mais rápida de aprender, de derrubar preconceitos e relativizar. Perceber que no final somos todos UM, que o amor é a língua universal e o planeta a nossa casa comum. Que a felicidade vem de dentro e o que vem de dentro irradia para fora.
Sei que não posso mudar o mundo. Mas, não me importo de tentar.
HOJE
Hoje sou viajante, aventureira, inquieta, indecisa e intensa. Sou empregada de mesa, barista, guia turística, artista, escritora, aspirante a bartender e a surfista, chef, voluntária, exploradora, mergulhadora, vegetariana e um ser espiritual. Amo o mar, a montanha, a natureza e o sol. Adoro desporto, pessoas, histórias e lendas, cabelo desarrumado e pé na areia.
Faço retiros de meditação mas não dispenso uma festa. Não recuso um sumo verde mas não resisto a uma cerveja. Sou desapegada mas com recaídas de apego. E sou tudo o que sou e ainda não sei que sou.
Hoje abracei a minha pluralidade. Percebi que não faz sentido me definir por etiquetas para pertencer a algum lugar. Não deveria fazer sentido para ninguém. Etiquetas apenas nos limitam.
Por isso, eu sou o que eu quiser ser. O que eu me permitir ser. Eu sou isso tudo e ás vezes nada disso.
BIOGRAFIA EXPRESS
Maria Miranda formou-se me Arquitetura e trabalhou na área por três anos, enquanto viveu no Brasil. Em 2015 pediu demissão e fez o seu primeiro mochilão sozinha pela América do Sul.
Voltando ao Rio, percebeu que não poderia voltar para a mesma rotina e que a sua alma pedia por mais. Decidiu, então, deixar a Arquitetura e mudou-se para a Austrália onde viveu por 3 anos, realizando os mais diversos tipos de trabalho.
Na Austrália viveu em grandes cidades como Sydney. Em uma tenda de campismo numa cidade de praia com uma hippie vibe. Viveu no mais quente e seco deserto australiano onde a cidade mais próxima se encontra a 5 horas de distância. E no Norte, onde esteve rodeada de parques naturais, cangurus, cobras e crocodilos selvagens. Sobreviveu, possivelmente com alguma sorte.
Durante esse tempo, passou mais de um ano no sudoeste asiático, explorando até os lugares mais perdidos do planeta. Ali, nessa parte do mundo, conectou-se com o seu lado mais espiritual. O que a levou a fazer vários retiros e a aprofundar os seus conhecimentos no universo do desenvolvimento pessoal.
Atualmente, carrega a sua mochila em direção ao Canadá, com algumas roupas e sonhos, onde fará base nos próximos tempos.