10 coisas que viajar me ensinou

Dez coisas que viajar me ensinou… na verdade são mais que 10, mas preferi controlar o meu entusiasmo e não querer competir com a Bíblia em número de páginas.

Não diria que qualquer pessoa que compra um bilhete de avião e vai numa viagem regressa uma pessoa melhor. Não é assim que funciona. Talvez nos filmes, mas não na vida real.

As lições vêm maioritariamente da abertura com que viajamos, com sairmos da nossa zona de conforto, abrirmos a nossa mente e deixarmo-nos consumir pela realidade e cultura do lugar onde estamos. As lições chegam quando nos permitimos viver a vida, quando nos permitimos confiar, quando nos permitimos aceitar que, no final do dia, não sabemos nada e que somos eternos aprendizes.

Viajar ensinou-me que não existe uma formula mágica que nos vai fazer deixar de sentir dúvidas ou conseguirmos viver uma vida plena. No entanto, toda a vez que ultrapassamos os nossos limites, que saímos da nossa zona de conforto e que nos superamos a nós mesmos, evoluímos como pessoas.

E viajar, se te permitires, é dos melhores caminhos para fazeres com que isso aconteça!

1 | O SORRISO É A LÍNGUA UNIVERSAL

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Não importa em que lugar remoto do planeta te encontras, qualquer pessoa no mundo se identifica com um sorriso. Este simples movimento que podes fazer com os teus lábios (que é grátis por sinal) move montanhas. O sorriso conecta-nos, não importa a língua.

Quem sorri não quer guerra com ninguém e essa é uma energia que emana para o exterior.

2 | VIAJAR ENSINOU-ME A SER MAIS PACIENTE

Cada vez mais vivemos numa sociedade de conforto, onde a vida corre rápido e tudo é para agora. Não sabemos esperar, somos os últimos a chegar mas queremos ser os primeiros a ser atendidos.

Viajar ensinou-me a arte da paciência. Seja com transportes atrasados por horas ou a tentar explicar o meu ponto de vista numa língua que não é a minha, são várias situações que com tempo nos torna mais pacientes e a respeitar o ritmos dos outros e das coisas.

3 | EXISTE MAIS BEM DO QUE MAL NO MUNDO

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Dão as 20h00 e ligas a TV no jornal nacional e a tua esperança por um mundo melhor é aniquilada no espaço de uma hora.

Das perguntas que mais ouço sobre viajar sozinha é se eu não tenho medo, e nesses momentos eu gostaria de conseguir explicar em palavras a bondade genuína que eu vi no mundo. Já dizem os brasileiros, “gentileza gera gentileza”. Respeita e serás respeitado.

4 | NÃO PRECISAMOS DE MUITO PARA SERMOS FELIZES

Tudo o que possuímos de certa forma nos possui a nós. Vivemos nessa ilusão de felicidade instantânea pelo consumo de coisas e a felicidade mais pura não está em nada disso.

Teve uma altura em que a minha casa era uma tenda de campismo, o meu colchão esvaziava-se um bocadinho todas as noites, os bichos comiam a comida guardada na cozinha e eu todos os dias acordava com um sorriso no coração.

“O essencial é invisível aos olhos.” – O principezinho, Antoine de Saint-Exupéry

5 | AS COISAS NÃO SÃO COMO NOS CONTAM

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Quanta informação que consumimos é realmente verdade e não está de certo modo adulterada?

Por várias vezes eu cheguei num país para perceber que as coisas não são bem como passam cá para fora. Normalmente, pela minha experiência, toda a informação que nos chega é mais exagerada e tendenciosa para o mal.

Viajar ensinou-me que não existem verdades absolutas, nem a nossa. Tudo são perspetivas e muitas vezes para um estar certo o outro não tem que necessariamente estar errado. E aqui refiro-me a várias coisas, incluindo religião e culturas.

Aprendi a questionar tudo o que nos é dado como certo, incluindo as minhas certezas.

6 | O MELHOR PLANO É NÃO TER PLANO

Roubei esta frase da Letícia Mello, uma escritora que eu amo, porque define o aprendizado.

Eu já fui aquela pessoa que precisava de ter tudo planeado ao pormenor e uma vez com o plano elaborado seguia à risca. A viajar aprendi que, seguir um plano estruturado é dizer adeus a metade das surpresas e aventuras que poderíamos viver.

A magia acontece no inesperado, no fora dos planos. É bom termos uma ideia geral do que queremos para a nossa vida, mas é igualmente importante deixar espaço para ela poder acontecer, para ela nos poder surpreender, até porque, suspeito que ela é melhor a fazer planos do que nós.

7| CONEXÃO HUMANA É O QUE FAZ TUDO VALER A PENA

Plantação de chá Malásia

Viajar transformou-me numa apaixonada por pessoas. As pessoas com quem me cruzei, muitas vezes, se transformaram na viagem.

O ser humano tem uma capacidade de conexão extraordinária, e às vezes, parece que no nosso dia a dia nos esquecemos disso. No entanto, viajar desperta-nos para essa realidade, fazemos amigos para a vida em apenas alguns dias, com a mesma simplicidade de quando éramos crianças. Ou até mesmo a senhora simpática que te vende a fruta e te conta uma história. São essas pessoas que te vão fazer rir mais alto, sonhar mais alto e tornar tudo inesquecível. Numa viagem e na vida!

8 | TUDO O QUE TEMOS É O AGORA

Viajar ensinou-me a estar mais presente, que a única coisa que é real é o agora, o momento vivido no exato momento em que é vivido.

Foram muitos lugares e muitas pessoas. Aqueles momentos nunca mais se vão repetir, eu até posso ir ao mesmo lugar mas aquelas pessoas não vão estar lá, eu até posso ir ao mesmo lugar, mas eu não vou ser a mesma.

Viver na eminência do fim de alguma coisa, faz-nos viver tudo mais intensamente, faz-nos estar presentes. E a verdade é que TUDO na vida está em constante eminência de terminar, porém, sempre nos esquecemos disso e vivemos na ilusão do eterno, do deixar para amanhã e às vezes vem aquele arrependimento de que poderíamos ter vivido mais intensamente alguma coisa, mas o tempo, esse, não volta a trás.

9 | QUANDO ESTÁS BEM CONTIGO ESTÁS BEM COM O MUNDO INTEIRO

plena na austrália

Esta é daquelas frases que ouvimos vezes sem conta, mas que só realmente entendemos a força que ela tem quando a experienciamos.

Portanto, acredito que é fundamental nos escutarmos, nos sentirmos, nos perdoarmos, nos livramos das expectativas dos outros e viver o que é real para nós, do jeito que fizer sentido para nós, não para os outros.

Aprendi que fazer-me uma prioridade não é um ato egoísta, muito pelo contrário. Só estando bem é que eu posso partilhar o bem. O teu mundo interior vai sempre refletir o teu mundo exterior.

10 | É PRECISO TER CUIDADO MAS NÃO CUIDADO EXCESSIVO

komodo dragon

É muito importante sermos cuidadosos, principalmente quando viajamos sozinhos. No entanto, existem muitas pessoas boas lá fora que querem ajudar-te genuinamente.

A viajar aprendi a não estar desconfiada todo o tempo, a perceber que por exemplo, se conheço um local e ele me convida para um almoço, a probabilidade de ele querer uma troca cultural é muito maior do que a de ele me querer matar ou roubar. Que se uma pessoa me oferece ajuda ela não quer necessariamente algo em troca. Que saltar aquele penhasco não me vai necessariamente levar para o hospital. Às vezes somos tão controlados pelo medo que deixamos de viver.

Claro que, temos de ter cuidado, sermos conscientes e espertos. Como existem muitas pessoas boas, também existem muitas que te vão querer passar a perna. Como tudo na vida é preciso encontrar um balanço entre ser cuidadoso, relaxar um pouco e saber confiar.

A J.K. Rowling tem uma frase que diz: “É impossível viver a vida sem falhar em alguma coisa, a menos que vivas tão cautelosamente que provavelmente não viveste de todo.”

AS MAIORES LIÇÕES NUNCA SÃO ADQUIRIDAS ATRAVÉS DE PALAVRAS, TÊM DE SER EXPERIENCIADAS

Provavelmente esta é umas das maiores lições que aprendi. As coisas realmente importantes não se aprendem com os livros ou com cursos, podemos até ficar com uma ideia do que é, mas só a vamos entender totalmente quando a sentirmos em nós, quando a fizermos por nós próprios, incluindo esta lista que vocês acabaram de ler.

A experiência vai ser o melhor professor que vais encontrar na vida, portanto, aventura-te!

E tu? O que aprendeste quando saíste da tua zona de conforto? Compartilha a tua experiência e deixa as tuas dicas e comentários.