Guia de Meditação para Iniciantes 4: Meditação na prática

Com este artigo finalizo o “Guia de Meditação para Iniciantes”, e nada melhor do que colocarmos a meditação na prática para integrarmos todo o aprendizado adquirido. Se leste os artigos anteriores:

terás por esta altura, desconstruído algumas ideias que talvez tivesses sobre a meditação. Percebes-te em o que consiste meditar, tomaste consciência das duas mentes que possuímos e como é importante sermos conscientes delas. Da mesma forma, aprendeste sobre alguns benefícios de uma prática de meditação contínua e em como isso pode melhorar a tua vida em todos os níveis, por fim, exploramos algumas ideias que te podem ajudar a construir um forte mindset para te comprometeres com esta jornada de autoconhecimento.

Hoje, vou passar-te dois processos de meditação muito simples (o que não significam que sejam fáceis) para pores a tua meditação em prática, foram os mesmos que eu usei quando comecei a praticar e ajudaram-me a manter o foco e a acalmar a mente no início. Aconselho-te a experimentares os dois e a perceber qual dos dois resulta melhor para ti.

 

MEDITAÇÃO NA PRÁTICA

PROCESSO 1
  1. Programa um alarme para o teu tempo de meditação, uma vez que com certeza vais ter vontade de parar antes do tempo que estabeleceste para ti.
  2. Procura um lugar tranquilo onde saibas que não vais ser interrompido/a, arranja uma almofada e senta-te no chão ou na cama, senta-te na ponta da almofada com as pernas cruzadas e a coluna direita e nesta posição procurar ficar confortável. As mãos podem estar apoiadas nos joelhos ou sobre o teu colo, sendo que a mão direita está sobreposta à mão esquerda com as palmas das mãos voltadas para cima.
  3. Relaxa o teu corpo. Podes fechar os olhos ou não. Particularmente, eu gosto de praticar meditação com os olhos fechados porque me consigo concentrar com mais facilidade, mas encontra o que resulta para ti.
  4. Relaxa. Faz três respirações profundas, inspirando o ar e enchendo todo o teu peito e a barriga, depois expira devagar sentindo o peito e a barriga esvaziarem-se. Enquanto fazes estas três respirações profundas, começa a esvaziar a tua mente e a trazer a consciência para o momento presente através do teu corpo, através do fluxo da respiração.
  5. Após estas três respirações profundas, deixa a respiração fluir normalmente sem a tentares controlar ou dar-lhe um ritmo. E inicias uma contagem até 10.
  6. Inspiras. Um. Sente o percurso do ar entrando no teu corpo pelas narinas e descendo pela garganta, peito (…).Expira. Um. Sente o percurso que o ar faz saindo do teu corpo, ponto por ponto. Inspira. Dois. Expira. Dois. E por aí vai até ao 10.
  7. Quando um pensamento surgir na tua mente começas a contagem do início 😅. No início os pensamentos vão surgir várias vezes (lembra-te que é normal e não desanimes) e por vezes só vais perceber que já está envolvido/a com um pensamento passado alguns segundos, assim que tomas consciência disso voltas para a tua contagem.
PROCESSO 2

Exatamente o mesmo processo que expliquei no processo 1 mas sem a contagem, em vez de controlares o foco da tua atenção contando as respirações, vais manter-te completamente consciente do teu corpo. Isto é, percebendo as sensações mais subtis que existem desde a ponta da tua cabeça até à ponta dos teus pés e assim que percebes o surgimento de um pensamento, retomas ao ponto de início, que irá ser o topo da tua cabeça ou a ponta dos teus pés.

Este segundo processo não é tão partilhado para iniciantes, sendo que o da contagem se torna mais fácil para te manteres focado porque funciona como um mantra. No entanto, comigo resultou muito melhor este segundo processo e daí partilhar com vocês, existem pessoas que vão ter mais facilidade com um “mantra” e outras com as sensações do corpo.

Experimenta fazer os dois processos e analisa com qual consegues ser mais consciente sobre o surgimento dos pensamentos, com qual deles te consegues enraizar melhor no momento presente.

UM PASSO DE CADA VEZ

Sem julgamentos! Não fiques aborrecido/a por estarem a surgir muitos pensamentos e em nenhum momento penses que não és bom/boa a meditar. Aqui não existe ser bom ou mau. Apenas percebe o pensamento, observa que ele está ali e volta ao início da contagem ou ao teu corpo.

Provavelmente no início não vais conseguir passar nem dois minutos sem que te surja um pensamento, a certas pessoas isso leva meses para conseguir e está tudo bem porque cada pessoa tem o seu tempo.

O início foi muito desafiador para mim, eu vivo com a cabeça nas nuvens e a sonhar acordada, então demorou até que eu conseguisse atingir esse lugar de calma e paz de quando a mente se silencia, no entanto, já fiz progressos incríveis e sei que com uma prática constante eu vou conseguir atingir níveis de concentração da mente cada vez maiores.

Acredita, se eu consegui, tu também consegues!

 

POR QUANTO TEMPO DEVO MEDITAR?

Partindo do principio que és iniciante, que és uma pessoa que nunca meditou na vida, eu sugiro que comeces com 5 minutos. Apenas cinco minutos todos os dias. Usa o alarme. Compromete-te com esse tempo. Não desistas, são só 5 minutos da tua vida.

Caso já tenhas meditado algumas vezes, ou por exemplo tenhas feito a meditação com a contagem e conseguido chegar a 10 respirações sem o surgimento de um pensamento, eu aconselho-te 15 minutos no mínimo.

15 MINUTOS PORQUÊ?

Porque durante a meditação vais atravessar 3 fases distintas:

  • FASE 1 – Nos primeiros momentos vais estar interessado/a no processo porque estás a iniciar uma coisa nova, então vais conseguir manter uma certa concentração e foco;
  • FASE 2 – Surge o que podemos chamar de desinteresse, os pensamentos vão ser mais frequentes e por vezes até te esqueces que estás ali para meditar. Procuras trazer a tua intenção para a meditação durante alguns 4 ou 5 minutos;
  • FASE 3 – A atividade mental volta a diminuir e tu começas a desacelerar e quanto mais tempo consegues manter-te neste estado melhor, porque começas a entrar em estado de meditação;

Portanto, quando meditas durante 15 ou 20 minutos tens a oportunidade para atravessar estes três estágios e dar-te o tempo de conseguires chegar a um estado de meditação mais profundo. Eventualmente, vais perceber isto a acontecer-te e naturalmente vais querer aumentar o teu tempo de meditação, porque quando entras na terceira fase é muito bom 😂

 

APLICAÇÕES PARA MEDITAR

Estamos numa altura da vida em que existem aplicações para tudo, não é verdade? Então, temos sim aplicações que podemos usar para meditar.

Eu uso a aplicação principalmente pelo alarme, uma vez que podes estabelecer o tempo da meditação e podes criar alarmes secundários dentro do tempo total. Ou seja, se eu medito durante 30 minutos eu gosto de colocar um alarme aos 15 minutos para ter noção que vou a metade do tempo e evitar que a minha mente comece a deambular por quanto tempo falta para terminar.

Outra das vantagens é que as aplicações te oferecem vários sons de sinos para o alarme e acreditem que terminar uma meditação com um sino tibetano é mil vezes melhor do que terminar com o alarme do telemóvel.

A somar a isto, estas aplicações também disponibilizam vários sons da natureza e musicas relaxantes, no entanto, sempre te vou aconselhar pelos sons da natureza, claro que se estiveres a meditar no meio dela não necessitas destas reproduções para nada. No entanto, se estás numa cidade e o silêncio é coisa que não existe, eles são uma boa ajuda.

Eu uso a INSIGHT TIMER que tem várias ferramentas gratuitas, muitos sons de alarme para escolher e também tem várias meditações guiadas para descobrir.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A meditação na prática significa ir descobrindo as várias camadas do teu Ser, uma após a outra e sem pressa de chegar a um destino. Portanto, sê honesto/a contigo e foca-te no teu caminho e não nas experiências dos outros porque todos somos diferentes, temos tempos diferentes e cada pessoa tem o seu próprio caminho único.

É engraçado pensarmos que é a nossa própria mente que cria as entraves para não meditarmos ou para fazer seja o que for que queiramos mas que desistimos pelo caminho. A nossa mente é como uma criança, e para trabalharmos com ela temos que ser pacientes e irmos trabalhando em nós mesmos gradualmente.

O mais importante é mantermos o foco de nos queremos conhecer um pouco mais todos os dias, de começarmos a abrir a nossa consciência e de começarmos a despertar. O mundo precisa disso urgentemente, e o despertar coletivo começa em cada um de nós.

Espero que este guia tenha sido útil de alguma maneira, sinto-me muito feliz por ter a oportunidade de partilhar este conhecimento contigo! Sente-te à vontade para entrar em contacto comigo para perguntas ou partilhas, fico muito feliz em te puder ajudar se estiver dentro do meu conhecimento 😊

Agora que aprendeste sobre meditação na prática está na altura de realmente a experimentares. Vamos a isso?

Muito amor. Namaste 🙏